Tuesday, May 29, 2007

o jogo de si com si (by el frique!)




a abstração geométrica carnavalando é a consciencia que conscientemente se performa teatralmente


carnavalar é sobrar-se, sossobrar-se, desdobrar-se para um dentro-fora


quando o pensamento é sobreabundante num mundo que já é excesso, então a consciencia encena-se como:


a) luto

b) curte a festa

c) algo que anda entre o luto e a festa


o que é que diziam os nominalistas- as coisas são só coisas: as abstrações são interpretações simplistas do que é estrutural ou essencial nas coisas


o que dizem os platónicos/realistas - as abstrações são o real: as coisas são versões degradadas de arquétipos (ou de conceitos puros). Em suma, as coisas são complicadas, impuras e não-essenciais.


Nas tradições paradoxologicas (tantricas-maneiristas), o Ser e a Doxa, o Braman e Maya, o Nirvana e o Samsara, são «como que» idênticos - as coisas são coisas assim como as suas reduções e estruturas


É a consciencia que «liberta» (o trabalho, pelo contrário & hitlerianamente, escraviza)

Efectivamente é a consciência, os seus fluxos e a abstracção que libertam (citta/vritti/nirodha)

A liberdade é a possibilidade, não de suprimir a consciência, mas de assumir diversos papeis.

A pluralidade de papeis não é um mal, porque todos os papeis libertam


a liberdade é «prazer» - o gozo. Divertindo-se na dança da consciencia


(isto é tão frique!)

conceito com e sem conceito




«link (or yoga) is


consciousness/vib-ratio/retaining


or


awareness/fluxus/abstraction»


two possible translations



concepts are with-out concept

concepts exist because there are connections of words

counsciousness is the identification that something is linking the links


is it us? is it a player? are we played?


abstraction is a reduction, a contraction, what is retained


abstraction is about retaining the maximum meaning in the most powerfull reductive version/fashion


there are no abstractions without «the role of abstraction»

different styles are ways of performing different roles


consciousness is something in space and time playing the role of transcending space and time - there is no consciousness or things outside space and time


painting raises the consciousness of forms, colours, structures and concepts

philosophy is the mental space where we love to play «abstractly» with more or less abstract words

allegoric abstraction is the double game that connects painting and philosophy

«o paradigma assinto»




Escreveu M. Vieira (é bom citá-lo)


«A moda na Holanda e nos países baixos dava-me a
impressão que perdia o meu tempo. Mas será perder
o tempo apanhar sol na cara e terra nos pés? »


«Os budas não servem para Nada.
A revolução social e a moda na Holanda
não serão a mesma coisa?»


«Ah! O campo!»

mantra in progress




os shiva sutras dizem que


a mente é consciência

a mente é mantra

o conhecimento é os bhandas (lingações activas)

etc.


a homeostética falava desde o ínicio de um mantra in progress

e que O RISO (sem adjectivos)
É uma grande máquina de conhecimento.


no fundo o riso é o grande bhanda, o grande link, o grande gesto

ou como dizem os adeptos do dzogchen, o mahamudra


não podemos dissassociar a consciência (se Si) do Riso

o que é absoluto absolve e ri


por isso não é o espaço que faz rir, o espaço é uma contração do riso

notas para nos acompanharem nos fins dos fins




Outro texto do ernesto, util para «me» explicar é da mesma altura (84)



NOTAS PARA ACOMPANHAR O FIM DO MUNDO



  1. Interdisciplinariedade e paradoxologia

  2. Diferença e in-diferença

  3. Indiferença e desprezo

  4. Comunicação e incomunicação (ou transcomunicação)

  5. Estrutura e conjuntura (ou a tradição como aventura)

  6. Desejo e prazer (o teu corpo é o meu corpo é o teu corpo)

  7. O terror e o paradoxo do terror (a cruz e a chama)

  8. O paraíso prometido (ou esta é a minha terra)

  9. Não vou por aí

  10. Agora e aqui

É este programa que é desenvolvido por mim e pelos homeostéticos - que pintavam bárbaramente. Não me arrependo. Faz parte de um programa «mais ou menos conceptual».

mais ou menos




o que é surpreendente no texto do ernesto é o «mais ou menos»


toda a obra de arte é - mais ou menos?

há obras de arte que são mais e outras que são menos - conscientes

há obras de arte que são simultaneamente muito conscientes e muito não-conceptuais


o que me pareceu estranho neste jogo de consciência é que não podemos explorar efectivamente a consciência sem a nossa imanência - não há uma experiência antes e depois - tudo é continuo


o «mais ou menos» são as flutuações e as descontinuidades dentro do continuo


sei que o ernesto militava numa arte «imanentemente» conceptual


mas o importante, e que aparece aqui como algo desgarrado, é a dupla insistência em Eco e Kristeva ( e Derrida também)


o processo - obra aberta, e o espaço que faz rir - é neste triplo jogo enunciado pelo ernesto que me revejo:


riso

processo

consciencia

Selvagem & Civilizado



Os Shiva Sutras são o epicentro a partir do qual podemos fazer uma série de links e compreender-mos que a teatralidade absoluta da consciência é um «dado». Teremos sempre que pôr reservas. Por isso aproveito para citar este texto do Ernesto de Sousa, nãso muito distante do tema do texto de Utpaladeva


toda a obra de arte é, mais ou menos conceptual


toda a obra de arte é, mais ou menos consciente


o conceptualismo consistiu na necessidade, mais social do que estética, de pôr os respectivos mecanismos objectivamente à mostra

(objecto estético/processo estético)

(processo: obra aberta)

teoria da arquiescrita e do traço em Derrida

Kristeva: todo o espaço faz rir

duas leituras do to be or not to be:

no vontexto shakespeareano, a importância da dúvida, da diferença

num contexto vulgar, a indiferença

tanto faz (teologia negativa)


os obbjectos objectam


o histórico (ou já acontecido) e o apenas concebido (ou apenas sonhado)

os movimentos artisticos que escolheram o respectivo nome (futurismo, construtivismo, conceptualismo)

os movimentos artísticos de nome imposto (impressionismo, cubismo..., e até, maneirismo, barroco, etc.)

os movimentos artisticos cujo nome quer ser simplesmente descritivo (art povera, land art, body art, ecological art, eat art...)



pragmatismo, paradoxologia (...)



Sunday, May 27, 2007

against myself




Não posso deixar de referir, contra mim mesmo, o lado intuitivo com que as imagens surgiram, com menos rigor do que este tipo de abstracção pede, algo «badalhocas» sem serem mesmo badalhocas. Mas isso corresponde a um prazer de execução que não consigo hipotecar por outro género, menos generoso de qualidades. Esse prazer não o troco por razões ou legitimações, por grandiloquências ou carreiras, por máximos efeitos ou assistentes que me livrem da trabalheira. É um cliché da minha geração de que não me quero livrar.

Por isso esta é uma exposição que agradece e pisca os olhos aos meus contemporâneos e conterrâneos que sabem ser marotos em vida e obra e que não se cansam de dizer (ou escrever) publicamente o que opinativamente (seja sobre vidas, obras e teorias) lhes vai nas cabecinhas.

ciladas burlescas



Recordo mais uma vez um dos maravilhosos fragmentos de Górgias, o sofista, que miraculosamente chegou até nós, e onde este declara que iludir e ser iludido é mais justo do que distanciar-se das ilusões, e que deixar-se iludir é mais sábio do que lhe resistir suspeitamente. As linguagens são afrodisíacas, e a arte abstracta não lhe escapa. A estética indiana bem pode falar dos 8 rasas (ou emoções estéticas básicas) e da sua tendência (segundo Abhinavagupta que o introduziu mais tarde, por volta do sec. X) para um nono rasa (o da tranquilidade), mas entre os rasas é quase sempre o «erótico» que predomina, não sei se como preludio da tranquilidade, se como o melhor interprete desse estremecimento de tudo, que não só atravessa todos os detalhes do mundo, quanto o absoluto que o absolve, a que também Abhinavagupta e seus percursores chamam spanda.

Irei ainda mais longe na suposição de que todas as linguagens potênciam os seus dramas e comédias, e que, não sei porquê, há uma trabalheira em tentar disfarçar o que é encantamento, artificio e teatralidade na exploração das linguagens. Por baixo de cada prática sussurra algo shakespeareano, mas esses demónios só emergem raramente como sobreabundância. E na sobrabundância o humor é inevitável (outro dos rasas, meus amigos!). Humor é, pois claro, marotice. A sobreabundância é por si já um problema politico e ético, porque em nada facilita as coisas, e porque torna as questões menos òbvias, mais ambiguas, e faz com que cada momento das linguagens seja mais uma cilada, que nos pode mandar quer para a tal tranquilidade (burguesa ou ascética), quer para o profundo dos infernos da vida

fragmentos de conferência3



Ao contrário do que é normal, quer na versão «modernista» da abstracção, quer na versão paródica/crítica dos neo-abstractos dos anos 80, penso que é possivel cultivar uma abstracção iconófila, teatral, carnavalesca, que em lugar de se opor ao mundo das imagens que suspeitamente representam alguma coisa, as complementa e as incentiva, não como manhosa metalinguagem (uma linguagem que as «supere», as «arrume» ou as «controle»), mas como uma prática que reforce o papel da consciência e que assuma sem perconceitos ou justificações o facto de se poder desfrutar de um papel emancipado relativamente a uma tradição que tinha de usar unhas e dentes e interditos para não ser demasiado suspeita aos olhos dos diversos públicos. Habituamo-nos, e o nosso quatidiano é herdeiro da lógica abstraccionista gone mad.

Deste modo julgo que se pode olhar para esta prática de uma abstracção geométrica sem a desconfiança de mais um disparatado «revival», e sem a sensação de apenas estar a continuar algo que já foi superado há muito tempo pelas diversas modas que apressadamente os historiadores da contemporaneadade acabaram por legitimar e os museus arquivar nas suas bem cheias caves.

Se bem que o termo «absoluto» seja incontornável dentro da história da arte abstracta, e sob ele caia uma suspeita de marginália hegeliana (que se calhar até é – ou não – pois a arte no seu permanente suposto fim só se pode enunciar como repetido avatar do absoluto – ou nada disso), a minha pobre posição de quem manda escanzeladas bocas filosóficas, muitas vezes contraditórias, é a de que «quanto mais imanente mais absoluto!». Esta pintura abstracta é assim o «alter ego» da afirmação de uma imanência radical, e de que a aragem do absoluto (mas não da totalidade e seus tentáculos) anda por lá. E o que é da ordem do absoluto é da desculpabilização (da absolvição), da livre fruição e do usufruto, esperemos que cada vez mais agudo, da consciência. Para os que chafurdam com chavões da ética, direi que ser ético é ser livre consigo e com os outros.

A questão não está em averiguar, como num tribunal, se os resultados são verdadeiros ou falsos, se são ilusórios ou autênticos, se são puros ou impuros, mas em radicalizar a experiência de uma consciência, o que só é possivel através de uma prática (pictórica neste caso), seja através de encenadas anamnéses, seja fruto de uma amnésia que é uma imersão adictiva no presente.

balancé



Vindo de uma exposição, em Janeiro, de tecnologias fotográficas e palavras a nadar nelas, e de uma exposição onde surgiam esculturas/instalações, caí nos dias seguintes num catálogo da Ana Jotta onde um cão se ajoelhava perante uma pintura que reconheci como minha, uma linha vertical que no fim se desvia (marotamente) para diagonal ascendente. O quadro chama-se «Proença-a-velha». A minha pintura, parodiada, achincalhada, ou irónicamente venerada já começa a ser velha, ou pelo menos atingiu a maioridade dos 21 anos. Não sei onde pára, mas está reproduzida num catálogo, daqueles catálogos igualmente velhos a que ninguém, exceptuando os especialistas nessa época (existem?) ligam. Constatei, ao recolher imagens dispersas e «antigas» que estão dispersas em galerias ou amontoadas no meu atelier, um filão de imagens mais-ou-menos abstractas onde fedem as influências de Malevich, Soll Lewitt, Picabia, Frank Stella, para começar em alguns nomes do poletão da história de arte do sec. XX, assim como sombras «regionais», «tugas» ou «provincianas» como o Lapa e o Ângelo. Sou muitas vezes influênciado por obras minhas que reencontro, como se quizesse recuperar um filão que se quebrou abruptamente, ou como se o tema da conversa dessas pinturas só se tornasse evidente muitos anos depois. Há coisas que temos que esperar muitos anos para dizer, ou para continuar a dizer, depois de termos tagarelado outras coisas, bem diversas, ou de termos escutado o que muitas outras obras de arte der outros parecem ter para dizer (neste caso, o que julgo que elas dizem) neste intermezzo sem intermezzos que é a dita arte ao longo dos tempos.

Daí saírem estas pinturas, umas 100 e algumas outras anexas, que saíram de rajada, como uma necessidade impensada, se calhar fora do tempo, não sei se em contra-ciclo a esta época que acabará também como época passada, quiçá bem passada, quiçá mal passada. Foi esta centena precedida por uns desenhos vorticistas-tântricos, em homenagem quer aos vorticistas (e em particular a um desenho de Malevich que traduzi a «côres» e em «grande» no ano da graça de 1982), quer aos bem/mal afamados diagramas dos tântricos. Meandros (suspeitos?) tântricos onde recentemente encontrei um autor que me parece tratar de alguns temas artisticos (da dita cuja estética) de uma maneira que me é especialmente simpática: refiro-me a Abhinavagupta. Exuberância, encantamento, apologia do ficcional, etc.

pronunciamentos






Alguns artistas, antes de dizerem o que quer que seja sobre si, põe-se a pedir desculpas, quer pelo que fizeram, quer pelo que não fizeram, quer pelo que poderiam ter feito; outros, seguindo o (mau, a meu vêr) exemplo de Almada Negreiros, não se pronunciam (master dixit) sobre os outros. Há, nesta terra, uma dificuldade em falar quer sobre si quer sobre os outros – são os artistas que o cultivam sentando-se nesse embaraço e desleixando as esmolas verbais que a consciência pode dar para manter vivo, com floridos criticismos, um meio. Há uma censura que é um medo de parecer mal ou de arranjar problemas (que realmente se arranjam), um silêncio que não é de agora, nem sequer só do Salazar (sendo este uma boa hipótese de atribuir «culpa», não nos desgracemos com invocá-la) e que já vem muito de antes. Procura-se a invulnerabilidade? Prefiro os equívocos e as vulnerabilidades. Pode parecer mais uma desculpa porque vou falar de mim e dos outros a propósito de uma exposição «marota» - mais outra? Pois! Pois!

abstracção e teatro




A arte que se «reclama» abstracta é recente. É certo que tem fugido com o rabo à seringa a qualquer etiqueta que a relacione com o teatro, se bem que um crítico americano, aquando do surgimento do minimalismo, os acusava, em nome de uma abstracção mais pura, de teatralizar. No entanto a história da «abstracção» e dos conceitos é indossoluvel do teatro, e é o que a torna excitante.

Foi a teatralidade dos gregos que tornou determinadas palavras mais acutilantes. Górgias, como já referimos, tem uma concepção teatral da sabedoria e do pensamento. Platão parodia o teatro escrevendo diálogos - teatraliza a arte de refutar de uma forma mais convincente. Na verdade desenvolve a noção de personagem de uma forma contundente (e particularmente mimética), e dá-lhe uma liberdade conceptual e um poder de divagação fabulosos. Podemos discutir se os «conteúdos» dos seus diálogos são identicos àos conteúdos da suas formas, mas de nada adiantará aqui esgrimirmos argumentações.Aristótelas também escreveu diálogos que não nos chegaram. Pode ser um brilhante adversário da ambiguidade, mas de livro ,para livro as suas opiniões resvalam ligeiramente. Aristóteles defendeu a teatralidade na sua poética sem hesitações. Nos filósofos helenistas e romanos a teatralidade está muito mais ausente, se exceptuarmos a tradição menipeica e em particular o muito tardio Luciano.

A India e a China também vão conhecer o teatro, mas bem mais tarde. Há um famoso tratado teatral, o Natyashastra que é contemporâneo do dramaturgo antigo mais conhecido, Bhásha, no século primeiro. Provavelmente a popularidade teatral, assim como da dança, fazem com que uma divindade, Shiva incarne essa dimensão. Só depois do declinio budista, na idade de ouro das artes, é que o pensamento hinduista, em oposição aos anti-teatrais budistas, introduz a teatralidade no coração do próprio «absoluto». Os Shiva Sutras, de Utpaladeva, falam da consciência, e do Absoluto como um actor. A sua linhagem, que inclui Abhinavagupta e Kshemarája, preocupar-se-á com questões «teatrais» e divulgam a curiosa ideia de que as diversas filosofias são como diferentes versões teatrais de uma mesma peça. Quanto aos chineses (e por arrastão os japoneses)desconheço as sequelas na arte do pensamento, mas se escarafunchar talvez encontre alguma coisa, mesmo nos tradicionalmente iconoclastas meandros budistas.

Nietzsche foi o filósofo mais emblemático da teatralidade, mas esta desponta no Ocidente com o renascimento, expandindo-se no mundo barroco com Shakespeare, Giordano Bruno e Cyrano de Bergerac, entre outros. Durante muito tempo namorará com a filosofia (veja-se Fontanelle, Diderot, Sade, Holderlin).

Como a arte abstracta é a expressão de um prazer «intelectual» e conceptual vindo do mundo filosófico, e como este consegue conciliar, pelo menos nos autores referidos, a dimensão metafórica e a teatral, sinto que é útil reunir estas àguas que militantemente se tentaram separar (os militantes do «conceito puro» e os militantes do regresso à pureza metafórica da linguagem)e reivindicar, mais uma vez uma abstacção teatral, operática, carnavalesca. Libertá-la dos espartilhos que fazem dos sucessores de Mondrian uns tipos com um ar burocrático. Há um fundo animalesco e emocional mesmo nos mais rigorosos enunciados. Evohé!

Thursday, May 24, 2007

sutras batardicos (apocrifo)



BATARDA’S VERY OBSCURE SUTRAS (found in a museum store)



1. Counsciousness is the briefing.
2. Knoweldge is random linking.
3. Ideas are delayed (or deleted) beauty.
4. Time is the living target, surrounded by incarnated axioms.
5. Sex is the hot seat of knoweldge.
6. Emergence is extasy.
7. Art makes you tremble secretly forever.
8. Universe is a set of footnotes to some obscure painting.
9. Art enjoys different kind of softwares.
10. Waking art looks conceptual (or abstract).
11. Dreaming art atempts to represent something (stupid!).
12. Unconscious art is merely formal or informal.
13. Art changes – the rule is: why not?
14. Art without atonishment or bliss is bluff.
15. The power of will is the ornement of the next absence.
16. Body is intoxication – everything is toxic. Everything is the body.
17. Living is the colective form of art.
18. Emptiness generates museums. Quite empty museums with crowded stores.
19. Sets of structures generate artistic axioms.
20. Awareness energizes – energy is sexy. Beware!
21. Gods are drugs adicteds – that’s the cause of our existence.
22. What art brings to a place, the rest of nature displaces.
23. Space-tipe is a sexual lake – art explains it better.
24. Mind is a monkey.
25. Mind is a monkey business.
26. Effort leads to sweating.
27. Words don’t have secrets or substance.
28. The emergence of novelty is the womb of history.
29. If you really have seen it, therefore you´r the god of art.
30. Guru is the guy that explains explainisms.
31. Arrows do consciousness better,
32. Art is mind’s body playing oblation.
33. The art market feeds artists stomachs.
34. The extinction of art is good for the museums.
35. The monkey is the self.
36. The self makes sense.
37. The senses make selves.
38. Knowing is branding.
39. Artists are brands.
40. Art is sensing knoweldge.
41. Time changes illusions and delusions into ilusions and delusions.
42. In the end the body is endless transformation. So is art.
43. Dissolution in reproduction smels like victory.
44. Politics of power are the hope to fit in a museum forever.
45. The spontaneity of the viewer arises more and where art works are.
46. Autorship is the perfect role for the lonely self.
47. The stage of art doesn’t recognize the players.
48. Spectators are post-poned authors.
49. Inteligence gives us extra-powers and makes purity irrelevant.
50. Creativity is art at last.
51. Here or there, my dear, is better than somewhere.
52. Different positions do it better.
53. Pay attention to simple forms.
54. Be friend of complex processes.
55. The world is the last fashion of nature.
56. The deadline is wrong because artists are lazy.
57. Good breathing gives better critics.
58. We become more and more like ourselves.
59. Conversation is the comerce of powerless mantras.
60. We stay and go. Things are passing by.
61. Our universe is the freedom of having great rules. Our role is of being incarnated wit.
62. Pain and pleasure are puns.
63. Play fictions. Become free. Share your creativity.
64. Every link is an extra bonus.
65. Again and again, art – lost in awareness.

Wednesday, May 23, 2007

a eternidade vaca (replay)



Há um blog sobre a «vaca cósmica» em que uma das patas é Abhinavagupta - tem ar de sopa esotérica, mas parece-me um blog suficientemente arejado, sem envergonhadas honestidadezinhas. Deixo o link http://shivaisme-du-cachemire.skynetblogs.be como pontapé de saída da eternidade vaca (segundo «Budonga»). Quiçá a eternidade vaca regresse a si mesma desenvacalhando-se.

os meigos quadrados suprematistas

Este é o presse-release da exposição - não é sintético, mas vai ao campo apanhar bebedeiras.


Durante o modernismo a quase totalidade das práticas da arte dita «abstrata» foi feita contra a ideia de «representação». O clichê habitual para tal atitude é a justificação de que a fotografia, sendo uma fiel representadora do visível libertou a arte dessa tarefa servil a que as tradições da pintura e escultura pareciam condenadas. Na prática da abstração «moderna» confluiram quer as (bem antigas!) razões iconoclastas das religiões monoteístas (na versão mais severa e puritana), quer o paradigma, forjado por Platão, da representação como degradante pasto de simulacros. Por volta de meados dos anos 80 esteve a certa altura em moda algo chamado neo-geo, a prática da abstracção irónica, seja na versão cínica (com molho foucaultiano e lambidelas baudrillardianas), seja na acomodação Pop/conceptual às comodidades burguesas ou ao alterne dos chavões neo-marxistas & frustrados.



Na altura consubstanciei em algumas pinturas a possibilidade de uma abstracção não-iconoclasta, iconófila até (mas nada de pedófilias), que pudesse ser «marota» sem caír no anedótico das intencionalidades de algibeira de que os artistas se socorrem como uma boia para agarrar a arte a algum pretenso sentido – o velho neolítico acenava-me, assim como os lívidos (e tão criticáveis) pitagóricos, ou os diagramas chineses antes da burocracia celeste dos imperadores os utilizar como colete de forças social. Queria uma abstração que bulisse, que fosse sussurante e estremecente. Pensava em Empédocles atirando-se para o vulcão, e nos diagramas que um pouco pelo mundo antigo se desenharam na areia para explicar as mais diversas teorias e manipular os quiçá agentes do invisível.

A abstracção (cá para mim!), sobretudo a geométrica, apela ao homem teatral e procura leis festivas, mesmo nesta era de alta defenição post-post-industrial – há um bas-fond musical/numérico, por vezes muito puro, mas frequentemente uma chinfrineira que nos/lhes é environment . Os suprematistas, descendentes de iconófilos, procuram forjar imagens simples carregadas de energia, embora meigas como quadrados pouco rigorosos. Magos, monges e ascetas usaram imagens abstractas como ferramentas de poder, mais do que de emancipação das coisas que nos tramam na vida.



Daí estes quadrinhos que traduzem todo um conjunto de reflexões/ebulições sobre o que é e foi a abstracção, e a capacidade de esta «tradição» ainda permitir deliciosas intrigas – marotas? A chafurdarem em efusões tântricas? Ou no regresso impossível aos ditos antigos gregos que se tornam equivocamente contemporaneos sempre que os repensamos? O re-conhecimento é difícil e as anamnéses são diferendos, o que possibilita as dramaturgias, graças à eastranhesa e aos equívocos. No entanto as pinturas dizem, uma de cada vez, o que somos (ou o que se calhar sou?) inteiramente, na disponibilidade para o instante em que aconteceram, e para lá de espectativas efeverescentes que ilimitadamente lhe sobram.

Górgias, o atipico





Pedro Portugal dizia-me que os seus alunos nunca sabiam quando estaria a falar a sério. Esta atribulada incerteza estratégica foi inventada por Górgias, alguém que tornou a comunicação defenitivamente «marota» e emancipadora, sendo percursor das técnicas de tirar o tapete das convicções sem caír no cepticismo, adoptadas muito mais tarde por Nagarjuna e os mestres Zen.




Exemplo: «Tem que se destruir a seriedade dos adversários (e discipulos, acrescento)com o humor e vice-versa.»




Górgias era um brincalhão e viveu 108 anos na maior - foi rico, feliz, etc. É um exemplo de sabedoria em carne e ossos. O seu estilo era sobreabundante, abusando de palavras exageradas, semelhanças e justaposição de contrários. Foi discipulo do filósofo-mago que se atirou para dentro do vulcão (Empédocles), que por sua vez foi discipulo de Parménides, um tipo obcecado com a esfera do ser - mas também deveria ter qualquer coisa de mago, nas correleções que faz entre o Serr e a Doxa. Temos que sentir em Górgias estes eflúvios, assim como o dos vizinhos pitagóricos, que eram supersticiosos e cabisbaixos.




Górgias tem uma frase «duvidosa» citada por Proclos (um tipo muito sério)com um ar refutativo: «O que dizia Górgias não é inteiramente verdadeiro - o ser é invisível se não for retomado no parecer, e o parecer inconsistente se ele não agarrar o ser.» Citação literal? Glosa? Parafráse? O que nos parece dizer Górgias é da intensidade do Ser e do Parecer, com as quais está preocupado. Para Górgias Doxa= Ser=«Não-Ser» (a versão linguisticamente negada (reafirmante-refutante) do Ser, o seu eco «negativo»). Górgias considera a imaginação como parte desta lógica - as figuras fantásticas, que não existem, os sonhos, etc, são ecos do que é, re-cozinhando as aparências e reforçando a «esfera» do que é. Por isso o outro pilar do método gorgiano era o de considerar justa e sábia a capacidade de criar ilusão e de nos deixarmos involver por ela - a sabedoria do persuasor-artista e do espectador é a de deixar-se possuir pela magia do mundo e pelo encantamento. Este encantamento, que é um suplemento, ou um ornamento, é bem mais importante do que todas as análises que desencantam, é o tal ser que é fecundo no aparecer, e que desaparece quando desconsideramos as aparências.




Finalmente uma referência a kairós, o momento oportuno, sobre o qual Górgias foi o primeiro a escrever - Dionísio de Halicarnasso critica-lhe a insuficiencia no defenição, não sei se com justiça, pois não sabemos o que é que Górgias disse sobre o assunto.




Platão fala da prática de Górgias como de uma gymnásia - uma prática constante, uma capacidade que se adensa nas teias da improvisação. Provávelmente o grande kairós acontece suscitando algo mais do que as katharsis do vseu mestre Empédocles.




Vamos ter que esperar muitos séculos para ver as ideias de Górgias retomadas por Abhinavagupta e outros. Elas esclarecem Górgias, tal como Alberto Caeiro clarifica parcialmente Antifonte.

Tuesday, May 15, 2007

iti, iti? neti neti? naughty, naughty!



O hinduismo antigo (o dos Upanishades) controi os seus discursos e práticas através de analogias: Tat svam asi, So ham, Iti Iti.


O budismo, como um eco dialético, virou-se para as anti-analogias - nada cola com nada, o mundo é deslaçado, descomposto, asamskrita - neti, neti.


Mas a zona onde nos encontramos é mais impura, conspurcada quer pelo absoluto, quer pelo vazio, mas híbridamente obliqua a ambos - naughty, naughty!

Sunday, May 13, 2007

o anarquismo suprematista






Antes de empreender estas pinturas caí num texto, algo naif de Rodchenko - citações de Stirner e Whitman - vitalismo nihilista. Mas é bom ver estes dois compinchas juntos.






«Na base do meu empreendimento coloquei o nada» (Stirner)






«Sempre o músculo, sempre a audácia.



O que a vida reforça, reforça-o a morte.» (Whitman)






«O assassinato serve de autojustificação para o assassino. Ele esforça-se em provar que o nada existe.» (Weininger)






«Eu devoro-o logo no momento em que exponho uma situação, e sou «eu» quando o devoro. O facto de que me devoro apenas mostra que existo.» (Stirner)






É divertido ver Stirner como uma possível ponte entre o budismo de Nagarjuna e as teorias de auto-reconhecimento de Abhinavagupta. É òbvio que Abhinavagupta, e a tradição que o precede, se constroi contra o edificio dialético de um budismo descendente de Nagarjuna.






Mas a frase de Weininger também nos abre (sem o saber)a essência do budismo não só como um assassinato, mas como um auto-assassinato (suicidio?). A legitimação é quase sempre assassina - é um esforço para provar, e não uma prova. A legitimação das ideias religiosas ou politicas provocou incontáveis milhões de assassinatos. Mesmo entre os budistas as querelas ideológicas são mortais. A vantagem de Nagarjuna é que o seu sistema de refutação é tão radical que nada fica de pé. Mas ao mesmo tempo ficamos com a sensação de que aquilo foi um esforço inútil. A refutação lógica não anula as mais elementares experiências que temos, passada a excitação refutativa e a embriaguês que ela provoca . E pela mesma razão Stirner em vez de falar em «provar» (nestas citações) fala antes em «devorar». Solipsismo? Talvez. Stirner, Whitman e Weininger transpiram a confuso orientalismo post-hegueliano - o anarquismo suprematista faz colagens com eles, para que a nossa compreensão dos quadrados negros seja mais acutilante.






Pelo mesmo motivo não pude deixar de associar a já longiqua herança suprematista ao tantrismo e as figuras diagramáticas que tanto bududistas quando hinduistas tantricos cultivaram. É uma confusão parecida com a dos suprematistas. Foi da fusão de imagens tantricas e suprematistas que me apareceram estas pinturas. Evohé!

why naughty?



Abstracções marotas. Sim! Não sendo o «maroto» forçosamente sexual, ou erótico, é-o porque nada escapa a este domínio. A marotice sublinha a elipse, mostrando claramente, através da alusão, alguma indecente ausência. Por isso se o maroto mostra claramente o sexual é porque quer através deste espremer outros sumos. Mesmo a burocracia e a contabilidade são por vezes marotas - o que é difícil.


No fundo, e retomando algumas ideias do BABSTRACT, não considero que a prática de uma arte dita abstracta, com ar geométrico, tenha que ser necessáriamente iconoclasta. Se pinto uma grelha de quadrados negros não tenho que desprezar outras possibilidades de produção artistica que partam de pressupostos e de uma ética que não aquela que contribuiu para as minhas abstractices. A minha singularidade e as generalizações opinativas ou canónicas que dela saiam não são uma negação das necessidades, pulsões, motivações e convicções alheias.


A arte abstracta tradicional geométrica (a do século XX), regra geral, encetou um namoro com o Absoluto, ou pelo menos acenou com este termo. O absoluto é o que absolve. Por isso a minha perspectiva «absolutista» é a de desculpabilização. Quem se exercita na perpectiva do absoluto, mesmo com um manto maroto para os voyeuristas se excitarem um pouco (ou muito), não pode entrar numa onda de anátemas e outro género de condenações.


Por isso, ao contrário de Mondrian, que falava da arte como um processo de desnaturalização, penso que a arte é o suco que nos abre para a intensificação das nossas naturalidades, assim como para o fervilhar, sempre malandreco, dos fluxos da natureza, seja ela uma suposta mãe, uma atarefada madrasta, ou a natureza das nossas naturezas.