Sunday, May 27, 2007

pronunciamentos






Alguns artistas, antes de dizerem o que quer que seja sobre si, põe-se a pedir desculpas, quer pelo que fizeram, quer pelo que não fizeram, quer pelo que poderiam ter feito; outros, seguindo o (mau, a meu vêr) exemplo de Almada Negreiros, não se pronunciam (master dixit) sobre os outros. Há, nesta terra, uma dificuldade em falar quer sobre si quer sobre os outros – são os artistas que o cultivam sentando-se nesse embaraço e desleixando as esmolas verbais que a consciência pode dar para manter vivo, com floridos criticismos, um meio. Há uma censura que é um medo de parecer mal ou de arranjar problemas (que realmente se arranjam), um silêncio que não é de agora, nem sequer só do Salazar (sendo este uma boa hipótese de atribuir «culpa», não nos desgracemos com invocá-la) e que já vem muito de antes. Procura-se a invulnerabilidade? Prefiro os equívocos e as vulnerabilidades. Pode parecer mais uma desculpa porque vou falar de mim e dos outros a propósito de uma exposição «marota» - mais outra? Pois! Pois!

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